Alcázar de Sevilla e a Judería


A uns poucos passos da Catedral de Sevilla e do Archivo de Indias, está a entrada do Real Alcázar de Sevilla, um dos palácios pertencentes à Família Real Espanhola e que foi inclusive usado como local das núpcias de uma das princesas daquele país, há alguns anos. 

O Alcázar é mais um dentre vários outros palácios conquistados pelos cristãos no século XV, que originalmente tinha sido um sítio romano, depois visigodo, ampliado pelos árabes na época da Andaluzia muçulmana e que, por fim, caiu nas mãos dos espanhóis. 


De certa forma, tem muitos elementos que podem ser encontrados em todos os demais castelos da região, inclusive na Alhambra de Granada. (Não cheguei a conhecer a Alhambra, mas nas palavras do Harold, que tinha estado lá algumas semanas antes da nossa visita, o castelinho em Sevilla não perde muito para o de Granada em relação aos detalhes e aos jardins, embora seja menor).

Uma das coisas que chama a atenção é o uso da água na decoração. Como a Andaluzia e o norte da África sempre foram regiões secas, era uma demonstração de riqueza ter canais de água abastecendo todos os cômodos da construção e fontes jorrando esse bem precioso nos jardins.


Outro aspecto sempre presente é a utilização de padrões geométricos ou abstratos como adorno do teto, das portas e das janelas, ao invés de qualquer representação de animais ou pessoas, em respeito à vedação islâmica de criação de qualquer figura de coisa viva, numa interpretação extremada do mandamento que diz para adorar apenas a Deus sobre todas as coisas.



A entrada é paga, mas vale muito a pena. O passeio todo leva pelo menos uma hora, porque há muitas salas em diferentes cantos do palácio, que obrigam o visitante a ir e vir por vários corredores, às vezes de forma meio confusa, além de jardins bastante extensos, com algumas construções nas quais se pode subir, para ter a vista de cima.

Há folhetos explicativos, que não ajudam muito, indicando onde ficam os pátios conhecidos como "Pátio das Bonecas", "Pátio das Donzelas" e o "Salão dos Embaixadores", que são as áreas internas de maior interesse. 

Para mim, porém, a melhor parte são mesmo os jardins, cheios de tanques de carpas, arbustos cortados em formas geométricas, pavões andando soltos pelos gramadas e flores de todas as cores (claro que, nisso, a primavera ajudou).



Um detalhe meio esdrúxulo: o único café com lancheria que existe dentro do Alcázar, ao lado do qual estão banheiros acanhados, é bem pequeno, meio metido a besta e ainda por cima fecha cerca de uma meia hora antes do final do expediente.
A Judería de Sevilla, assim como a de Córdoba, de que já falei aqui no blog, era o bairro onde moravam os judeus antes da Reconquista. Também em Sevilla tem a forma de um labirinto medieval de casas brancas, mas está mais descaracterizada do que nas cidades menores da região.

A Judería acabou se tornando a área mais turística da cidade, cheia de hotéis boutique, restaurantes pega-turista e lojinhas de souvenir. Além disso, dá para ver que algumas ruas foram ampliadas e que o tipo de calçamento foi bastante melhorado.

Ainda assim, a área é uma das mais bonitas da cidade e à noite acaba sendo uma das mais tranquilas. Algumas pracinhas, com banquinhos debaixo das árvores e fontes de água funcionando, servem como um bom lugar de descanso.


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